20 de nov. de 2013

Diário de uma estudante irritante #6 - Filosofia? Uhum, sei + Minha despedida... eu acho

Não, isso não é um homem refletindo na privada
Bom, o que eu posso dizer antes de ir direto ao ponto? Por incrível que pareça, quero enrolar dessa vez. Quero escrever um texto enorme e que ocupe milhões de linhas, porque é bem provável (é MUITO provável) que esse seja meu último post como Lisa aqui no blog. Como vocês já devem saber, estou me formando, e para ser mais exata, faltam duas semanas para isso (repetindo: se eu não repetir o ano rs). E para meu último post aqui na coluna com o maior nome da face da terra, eis que vou falar de um assunto que não quis falar das últimas vezes, em parte por medo, e em parte por considerar uma coisa meio difícil de explicar. Mas hoje, na escola, conversei com alguns amigos e achei legal postar isso, mesmo que seja apenas como despedida. Parece que a estudante irritante vai encher o saco pela última vez, e dessa vez vou até me perdoar pela formatação tosca e o número de linhas exagerado.

Eu não sei se vocês sabem, mas eu gosto de filosofia. Não sou a pessoa mais entendida do assunto, mas o pouco que sei é o suficiente para me fazer gostar, e geralmente procuro coisas sobre filosofia em livros, na internet, até em filmes, enfim, em qualquer coisa. Sou o tipo de pessoa que quando ouve uma coisa pensa: Como? Porque? Será mesmo? Quem disse? Porque disse? Será que é verdade? E muitas outras coisas. Na maioria das vezes isso é um saco, mas geralmente me faz ter ideias/pensamentos que me parecem chegar perto de estarem certos. Eu não sei explicar, apenas sinto. E é nesse sentir que está o erro. Eu sinto que a filosofia que eu estudo na escola (não posso dizer se para todo mundo é assim) está errada, ou pelo menos "incerta",  não passa de uma matemática disfarçada, e eu acredito que filosofia não seja uma ciência exata.


A Wikipédia diz: "Filosofia (do grego Φιλοσοφία, literalmente «amor à sabedoria») é o estudo de problemas fundamentais relacionados à existência, ao conhecimento, à verdade, aos valores morais e estéticos, à mente e à linguagem. Ao abordar esses problemas, a filosofia se distingue da mitologia e da religião por sua ênfase em argumentos racionais; por outro lado, diferencia-se das pesquisas científicas por geralmente não recorrer a procedimentos empíricos em suas investigações. Entre seus métodos, estão a argumentação lógica, a análise conceptual, as experiências de pensamento e outros métodos a priori." Baseado na wikipédia (o que não é lá uma fonte das mais confiáveis, mas ainda assim é confiável) a filosofia é o estudo de problemas relacionados à existência e etc. ou seja, não é para você ficar ouvindo o que os outros falaram sem questionar nada, não é para ver slides ou... okay, estou colocando o carro na frente dos bois. Primeiro eu tenho que explicar como é minha aula de filosofia, assim vocês vão entender do que estou falando.

Não sei se o professor acha que nós somos bobos, ou se tem certeza, ou se faz de propósito ou se não tá nem aí, mas minha nossa aula de filosofia se resume a três coisas diferentes, sendo que temos uma aula por semana. Na primeira semana resolvemos um caça-palavras chato e cansativo, onde não sabemos que palavras achar, e a maioria delas tem três letras, sendo que nenhuma palavra está relacionada com a aula em si. As três palavras mais comuns são: mel, leu e sal. O caça-palavras é como um tiro no escuro, e o professor fala que existem no total 30 palavras nele, mas tem gente que já achou mais de 100 e algumas pessoas umas 200. Tenho certeza que Sócrates não ficava procurando palavras aleatórias na época dele. Na segunda semana nós vemos um slide chato e mal feito de Power Point, geralmente aqueles slides "sentimentais" com uma musiquinha horrível para ver se a gente chora. O tema dos slides vão desde criancinhas na África passando fome a como fazer um bolo. E acreditem em mim, são tão repetitivos que eu poderia fazer um igualzinho. Uma vez assistimos um filme de terror chamado Fenômenos Paranormais, pensei que o professor ia mandar alguma atividade sobre o filme, pra gente questionar ou sei lá, qualquer coisa aí, mas não, vimos o filme e ficou por isso mesmo. Na época quase metade da minha família estudava na escola e nós debatemos o filme por conta própria. Mas tem gente que ainda acredita que aquilo realmente aconteceu e não é um filme (ele cortou os créditos e a parte que fala que é filme). Na terceira semana temos uma atividade, quando não é interpretar algum texto, é escrever, e se três pessoas realmente escrevem o texto, é muito. Os temas variam desde a maneiras de se ver o amor a o que eu comi ontem, mas ainda assim é o que chega mais perto de filosofia (pelo menos é o que eu acho). Depois da terceira semana, voltamos ao item número um, e ficamos nesse círculo vicioso que só é interrompido pelas provas e por feriados. 

Depois desse "resuminho" (com alguns exageros no que se refere aos temas dos textos e slides) vamos ao que me deixa indignada (e a turma que tem neurônios). Primeiro: o caça-palavras é um saco, fica claro que o professor tem preguiça de pensar em algo para dar aos alunos, e joga qualquer coisa num caça-palavras e manda a gente fazer (ainda descubro de onde ele tira essas chatices). Segundo: os slides são chatos, dão sono e eu recebo um monte desses via e-mail. Desculpe professor, mas muita gente usa internet em casa. Terceiro: texto chato. Geralmente o professor pede a gente para escrever sobre dois (ou mais) temas diferentes, mas se você não concorda com nenhum deles tem que ficar comendo mosca dentro de sala. Outra coisa: os textos são em duplas. O que diabos é um texto ou redação em dupla? Lembro que uma vez era em trio (!!!!) e um dos garotos do meu trio não concordava com minha opinião e do outro membro do grupo, o infeliz ficou de fora da redação, porque mesmo depois de discutir por muuuuito tempo, não conseguimos escrever um texto com a opinião das três pessoas sem cair em contradição ou fazer sentido. Seria o mesmo que você acreditar em vida em outros planetas e ter que fazer um texto sobre isso, junto com uma pessoa que não acredita. No mínimo, o texto ficaria uma bosta. E é o que geralmente acontece.

Voltando ao assunto de dois parágrafos acima, vou explicando o que deixa todo mundo indignado. Não sei se o professor faz de propósito também, acreditem, eu gosto muito dele, e é por isso que fico com raiva, mas meu professor de filosofia não aceita ser questionado. Resumindo: ele é um deus, nós somos servos e sua autoridade não deve ser questionada. Ok, não é a autoridade a questão, mas se eu discordar dele, é bem provável que vamos sair discutindo. Várias vezes isso aconteceu e eu não quero citar exemplos. Outro detalhe muito importante é que as provas são "fechadas", ou seja, aquelas chatas de marcar x. Eu sei, você sabe, minha mãe sabe, todo mundo sabe que hoje em dia todas as provas são assim, mas poxa, sempre pensei que filosofia fosse uma matéria onde se valorizasse as ideias. O que adianta medirem meu conhecimento em filosofia (outra coisa importante: sempre pensei que na filosofia os conhecimentos prontos não valiam muita coisa) se eu não posso dizer o que eu penso? Tá, tem cinco alternativas perguntando o que o autor quis dizer com "tem uma pedra no caminho", se eu não concordo com nenhuma delas, além de não poder explicar meu ponto de vista, eu me ferro? Eu sempre acreditei que poesia fosse uma questão de interpretação e isso fosse muito pessoal (minha professora poeta de português concordava comigo) e que não devia ser avaliado "certo" e "errado" em questões sobre "o que o autor quis dizer com....". E cada vez mais caem poesias em minhas provas, e sempre com esse mesmo tipo de pergunta. Como diria John Green, "um livro pertence a seus leitores" e eu acho que uma poesia também se encaixa nessa parte. Se eu escrevo que a cortina é azul, diabos, apenas interprete de acordo com sua vida, e não com a minha, ou do meu professor. No fim das contas, em todos os debates e textos que escrevemos, tentamos entender o que o professor pensou e expor a opinião dele, e não a nossa, porque se pensarmos diferentes dele, nós estaremos errados. O que eu posso concluir disso é: não pense por si mesmo, ouça o que os outros digam e aceite tudo como verdade. Pelo menos onde estudei (e não só na minha atual escola), filosofia sempre fez as pessoas ficarem alienadas e aceitando tudo como se a verdade que escutam fosse universal e absoluta. Desculpa gente, mas vocês podem me chamar de rebelde ou o que for, mas eu não gosto de aceitar a opinião dos outros assim, de mão beijada, não antes de ter certeza que concordo com ela e é assim que eu também penso.Então para mim não dá ficar sentada apenas ouvindo sem poder dizer o que eu penso, se concordo ou não concordo, ou ouvir o que os outros pensam também. 

Bom, eu ouvi dizer em algum lugar que A dúvida é o princípio da sabedoria, acho que foi Aristóteles quem disse isso. Inclusive caiu um troço assim no ENEM. Se a dúvida é o princípio da sabedoria, e filosofia é amor à sabedoria, filosofia seria mais ou menos o amor à dúvida, concordam? Se isso estiver mais ou menos certo, o primeiro erro de nossas aulas é que ninguém nunca duvida/questiona. A menos que o objetivo da filosofia que estudamos seja estudar a história da filosofia, e não em que se baseia. E mesmo assim eu acredito que estudar a história da filosofia seria meio idiota, seria como estudar uma bala sem nunca provar o gosto dela (preciso urgentemente de exemplos convincentes). De qualquer forma, deveríamos primeiro estudar como filosofar, para depois estudar o que foi filosofado, porque se for o inverso, ninguém vai produzir nenhum pensamento novo. E eu acho que todos os filósofos, ao invés de ficarem ouvindo o que os outros diziam, foram pensar com as próprias cabeças e produzir alguma coisa nova e única, porque viver de pensamentos prontos, enfiados goela abaixo por outras pessoas é muito fácil. Ninguém pode chegar a um lugar diferente percorrendo caminhos que os outros já percorreram. Se alguém já teve pensamento X, sim, vamos estudar o pensamento X, mas porque não ver se o Y também não tem sentido? Quem sabe não existe um Z ou um F ou um alfabeto todo de pensamentos? Porque empacar no X só porque fulano descobriu o X? 

Desculpem pelo meu texto enorme, mas como sabem, eu gosto de escrever, e principalmente gosto de escrever quando não tenho ninguém para me ouvir. Geralmente ninguém se importa com o que eu penso da minha aula de filosofia ou de questões alheias, então eu escrevo, e saí coisas como essas aqui. Lembrando que vocês não tem que concordar comigo, inclusive, podem me esculachar nos comentários se não concordam com o que eu disse aqui. Outra coisa, se algum professor ler isso, se meu professor ler isso, eu só queria dizer que gosto muito da aula de filosofia, gosto tanto que queria que ela fosse diferente, queria que fosse mais interessante, porque se a filosofia nos livros é interessante e atraente, porque dentro de sala não pode ser assim também? Porque tem que ser chato dentro da escola? Não sei se é o sistema, se são os alunos ou os professores, mas eu espero que as aulas de filosofia sejam mais legais no futuro, mesmo que eu não esteja estudando mais. Seria interessante ver as pessoas debatendo coisas importantes e não falando sobre a novela chato onde o mocinho já teve cinco amantes, e eu acho que só falta um pouco de estimulo, porque só escrevi esse texto porque fiquei cinco horas debatendo isso em sala de aula com alguns amigos. Os outros professores ficaram irritados é claro, mas a gente compensa o tempo perdido outro dia. Se tivesse debates assim em sala de aula, eu nunca mais faltaria um dia.

Agora eu tenho que me despedir como Lisa, porque acho que essa coluna não vai passar do #6. Juro que gostaria de ter escrito mais, só que me faltou assunto, tempo, paciência... Não sei se vou embora definitivamente, porque ainda não me formei e existe a possibilidade de estudar ano que vem, não sei se vou fazer algum curso ou algo assim, mas como escola é sempre escola, e com certeza vai ter algo para me irritar e me trazer até aqui. Seja lá como for, me despeço aqui, seja temporariamente ou não. Obrigada a você que leu a minha coluna toda, que leu só alguns posts e que leu esse post. Essa foi uma das melhores ideias que eu tive, e se soubesse, tinha começado antes. Obrigada a todos que aturaram meus ataques de nervos e Síndrome do Diploma em Mãos (inventei esse nome agora) e que leram todo esse monte de palavras que escrevi nesse tempo. Gostaria de poder escrever mais, mas com as aulas acabando, vou ficar sem ter o que escrever. Vou sentir saudades de vocês e de ser a Lisa, e vou sentir saudades de ficar horas escrevendo desabafos em forma de postagem. Espero que entendam, até mais! :)

Sobre as inúmeras gírias: meu lado adolescente não consegue viver sem escrever uma gíria a cada cinco frases. Isso é um saco, mas é a vida ^-^

Meus querides! Caso vocês gostem desse blog e queiram continuar me acompanhando, eu ainda escrevo, mas em outro blog. Não posto apenas tutoriais, mas continuo escrevendo e falando de vários assuntos, inclusive a blogosfera. Caso queira visitar (sério ótimo uma visita): clique aqui para ir ao blog Serenar

6 comentários:

  1. Eu amei o texto. Só soube dessa coluna agora, e logo me apaixonei por ela. Concordo com o que você disse, sabe, aqui na minha escola não tem esse tipo de aula, de Filosofia. Mesmo assim, todas as outras aulas são ótimas, tem debate, então eu não tenho que reclamar. Enfim, voltando ao assunto....

    Adorei o post, e espero que não seja o último da coluna. Beijos <3

    www.etcforme.blogspot.com | Etc For Me

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    1. Aqui tem, mas só no ensino médio mesmo, antigamente era ensino religioso, o que é mais ou menos um professor católico te dizendo o que fazer, segundo a religião dele rsrs'

      Talvez eu faça mais posts dessa coluna ^^

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  2. Uffa... achei que você estava dando bye-bye pro seu lindo blog! Adorei essa coluna, também só conheci agora ;-; eu não tenho muita afinidade com filosofia, mas sei que é algo mais profundo. Na verdade, tudo em filosofia me lemba psicanálise e metafísica kkk, mas eu admiro muito os que se formam nessa bela (e chata) matéria. <33

    Estou seguindo-te -qq, eu ficaria muito feliz se você pudesse seguir o meu novo blog, ou somente visitar, também me alegraria :3
    Beijos!
    interesses-sutis.blogspot.com.br

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    1. Não, é só da coluna mesmo, acho que não vai dar pra continuar escrevendo mais, só vou voltar se fizer algum curso ou algo assim ^^

      Filosofia me lembra... filosofia! ahaha' eu gosto, mas como disse no post, isso que me irrita, quando gosto de algo quero o "algo" bem feito ^^

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  3. Ah, mesmo se a coluna da Lisa acabar, faz outro parecido.. Sei lá, adoro essa coisa espontânea.

    Meu professor de história costuma dar provas assim: ele dá provas normais com o conteúdo que nós estudamos em aula e tem algumas "provas especiais", que ele nos dá trechos de textos e nos manda dizer o que achamos dele, depois lê para a sala toda sem dizer nomes. E é tão incrível! Quando erramos em questões das provas 'normais' ele nos pergunta do porque de pensar daquele jeito e se o nosso conceito estiver muito errôneo, ai sim, ele considera a questão errada. Ele não corrige as "provas especiais". Não tenho aulas de filosofia, mas o considero um professor de filosofia!
    Ele diz que o motivo das provas especiais é nos estimular a pensar e não só concordarmos com a opinião dele: "o sistema não quer cabeças pensantes, por isso vocês tem muitos professores medíocres por aqui", e que história não é só datas e nomes estranhos, é formação de caráter.

    Acabei de pensar que penso (?) mais ou menos assim: nós temos três alternativas na vida, o certo, o errado e o que eu penso. Nunca concordaria com um professor que simplesmente QUER, a todo custo, mudar o jeito que penso. Por que eu sou eu, e eu vejo o mundo de uma forma diferente da sua. É como um quadro, a interpretação vai de cada um, você simplesmente pode achar horrível o que eu acho belo. E isso vai pra questão de beleza também, que cada um vê beleza em determinada coisa, eu posso ver beleza em uma pessoa sendo torturada, por exemplo - não que eu veja. Mas ver a beleza em uma pessoa sendo torturada é algo que é considerado errado, então minha opinião está errada por ver beleza em algo errado, e isso forma um paradoxo muito, muito complicado. Eu acabei fugindo do assunto, mas tudo bem.

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    1. Eu gosto de coisas espontâneas assim também, só tenho medo de ficar falando mal de algumas coisas e acabar que a pessoa errada leia, por exemplo, se meu professor ler isso acho que ele nunca mais olha na minha cara (apesar de que eu só falei verdade, e não foi por mal). Pretendo fazer algo muito pessoal e espontâneo futuramente, vamos ver no que dá rs'

      Seu professor é foda! Por favor, dá ele pra mim? Quero que ele venha aqui na minha escola dar aulas ♥♥♥

      "o sistema não quer cabeças pensantes, por isso vocês tem muitos professores medíocres por aqui" >>>>> this!

      Acabei de pensar que penso que seu pensamento tem sentido, por isso não concordo com o "certo" e "errado" em provas de filosofia, principalmente quando estamos avaliando uma interpretação de uma coisa, e não uma coisa exata.

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